Duas lágrimas surgiram.
Ficaram às bordas dos olhos
à espera da barra da blusa
ou de um dedo avexado.
Ficaram às bordas dos olhos
como se não soubessem descer.
E só de um piscar, cedo ou tarde
não poderiam fugir.
E lado a lado desceram.
Fossem à boca, fossem ao queixo, fossem ao chão,
eu as deixei descer.
Me aguçando as faces, me irritando o rosto,
me arranhando a alma,
eu as deixei descer.
Me fizeram ruas,
me deixaram trilhas.
E então reencontraram o caminho
há tempos lacrado na infância
por todos que estavam na ânsia
de me ver virar “homenzinho”.
E não viram.