Amor Estudantil

       POESIAS & CRÔNICAS  

(O primeiro poema para o primeiro e derradeiro amor)

 

Nessa época nem passava pela minha cabeça que eu viria a conhecer a pessoa que norteou toda a minha vida. É estranho pensar: de quanto tempo de vida precisamos pra perceber que alguém, a partir de um dado momento, compartilhará de todo o restante da nossa existência?

 

E que momento é esse, onde a adrenalina é tanta, que só durante os acidentes de percurso ou nas colisões de olhares, o tempo passa em câmera lenta, como só o cinema tem condições técnicas de tentar reproduzir?

 

Até o som ambiente desacelera, embola e entorpece a mente nessas horas. E a única diferença de reação entre o acidente e a paixão, é que o primeiro tenciona os músculos e o segundo os relaxa, principalmente os faciais, que nos confere o inconfundível ar de embasbacado.

 

Foi exatamente assim que me senti quando vi o meu amor pela primeira vez. Voltávamos do colégio pra casa; ela, da Tijuca a Marechal; eu, do Maracanã ao Méier. Todos, bairros da Zona Norte do Rio. Lá estava eu em seu percurso, e ao entrar no ônibus, em meio a tanta gente que nele havia, nele, só a via.

 

Estava assim definida a ocasião oportuna a partir da qual, minha vida dividiu-se drasticamente. É como se tivesse vivido todo o tempo anterior, a me preparar para ela. E todo o posterior, por ela. Mas há quem ainda não acredite em amor eterno por ainda não ter tido a oportunidade de conhecer ou reconhecê-lo.... mesmo quando bate em nossos ouvidos uma canção, como daquelas, que pela primeira vez em que os toca, é como se não mais deles, saísse.

 

Isso é muito estranho. Sabemos que existem músicas com as quais nos acostumamos, mesmo quando nos causam estranheza ao ouvir pela primeira vez; e com o tempo nos aconchegamos, entendemos e passamos a apreciá-las.

 

Mas existem outras, que vêm de uma única vez, na hora certa, com a beleza exata de um momento eterno.....

 

Pela primeira vez, obrigado, Djavan!

 

 

Como se não bastasse, tempos depois fomos ao Canecão. Hoje, uma extinta casa de show, no Rio de Janeiro, para saborear um show de Djavan.

 

Mas não é que de repente, como se fosse do nada, durante o show, Djavan nos manda "Lambada de Serpente", acompanhado de uma segunda voz que nunca mais ouvi em lugar algum, que fez com que o meu amor chorasse por ainda não conhecer essa canção assim tão bela....

 

Obrigado, pela segunda vez, Djava.

 

Dichava! Só pra se ter uma ideia do que estou tentando dizer...