Imatura Idade

       POESIAS & CRÔNICAS  

("Dentaduras duplas: dai-me enfim a calma que Bilac não teve para envelhecer")

 

Era o propósito falar agora sobre a despretensão e imaturidade do que parecia uma poesia adolescente, mas o amadurecimento me parece hoje, ser um estado que independe da idade, ao contrário do que supus na minha adolescência, quando compus os versos imaturos esperando um dia atingir a maturidade.

 

Hoje acredito que a seriedade com que se encara a vida, é o que distingue aqueles que adiam o hoje pra vivê-lo amanhã, daqueles que não abdicam de nada pra viver o hoje. Vivem como se não houvesse amanhã. Ser cigarra ou formiga? Ser imprevidente é ser irresponsável? Amanhã nem quero saber no que vou acreditar...

 

Por que não trabalhar cantando? Caberia a pergunta da cigarra à formiga?

 

Por que não fazer do canto o seu trabalho? Retribuiria a formiga à cigarra?

 

Por falar em fábulas, ocorreu-me agora: por que valoriza-se tanto o trabalho voluntário, se continuo achando que se o fizesse, me sentiria otário mesmo sabendo que quem o faz, não o é, pois o faz pelo prazer de cantar?

 

Por que associa-se cidadania ao “Criança Esperança”, “Amigos da Escola” e todas essas ações que buscam o cidadão na substituição do papel do Estado no cumprimento de suas atribuições básicas, quando deveria ele sim, o cidadão, estar cobrando do Estado suas funções? Principalmente pela absurda carga tributária que paga em prol dos serviços e benefícios que não recebe do Estado. E ainda tem que carregá-lo no colo por conta da sangria desatada pela corrupção? Roubar de todos não deveria ser um crime infinitamente pior do que roubar "apenas" de um cidadão?

 

Afinal, por que o altruísmo é pago por Deus, e em dobro?

 

Por que coincidentemente temos tantos partidos políticos quanto distintas correntes de fé? Seria porque as "raposas" em Brasília cuidam dos galinheiros da educação e saúde, enquanto os "cães pastores" resignam as ovelhas à falta de pasto?

 

Chega de questões! Pareço aquelas crianças na idade do porquê de tudo. Até quando vou viver nessa ingênua idade?

 

E o pior é que sei que é "até sempre". Pois sou lúdico como Lennon, que não via cercas, cercanias ou fronteiras, onde o "Tudo é uma coisa só". 

 

Aí me vem Fernando Anitelli, com seu Teatro Mágico, e diz...