Bienal Nestlé

       POESIAS & CRÔNICAS  

(As mesmas palavras para o que ainda há de ser dito)

 

Enquanto lia uma revista semanal, deparei com o anúncio da Bienal patrocinada por uma multinacional Suíça do ramo alimentício. Tratava-se de um concurso de âmbito nacional, desmembrado em categorias literárias, entre elas a poesia, na qual me inscrevi, apesar de não possuir à época, a quantidade necessária de material para minha participação segundo as regras estabelecidas.

 

Decidi participar na esperança de que mesmo a princípio desclassificado, pudesse ter minhas poesias avaliadas e quem sabe alguma escolhida para participar de uma coletânea, ou coisa parecida. Na intenção de ver algo de minha autoria publicado. Muito mais por vaidade e pretenso orgulho, do que por acreditar que tivesse algo realmente interessante a dizer.

 

Mas a julgar pela velocidade com que fui informado da minha digamos não qualificação, nada deve ter sido lido. Até mesmo por não ser sensato perder tempo com quem na verdade não concorria a nada.

 

Não possuía na época uma obra de no mínimo, quarenta e nove páginas em formato preestabelecido pelo regulamento, pois costumava substituir poemas em que não mais me via por outros em que ainda me encontrava, jogando muita pretensa poesia no lixo.

 

Com o tempo, parei de descartar poesias por entender Raul em “Metamorfose Ambulante”; dizer o oposto, não renega o que se disse antes. É só um novo momento. Assim como a Richard Bach traduziu-se “o que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta”.

 

E finalmente, assim como teria dito qualquer um, se percebesse que por mais que algo fosse extremamente importante num determinado momento, em outro talvez não tão distante, já se tornaria completamente dispensável; logo; aquela desclassificação seria como dizia o meu amigo Motta, justificando as circunstâncias supostamente ridículas em que se via: “Foda-se. Estou vivendo o sonho.”.

 

Ou ainda mais, como outro grande amigo, poeta e cancioneiro, por falar em sonhos e Raul, não poderia deixar de reverenciar: Johnny Do Matto; que em uma de suas canções, "Viagem à Sombra do Sol", sai de seu corpo e invade o próprio sonho.